sábado, 19 de abril de 2014

de Panamá a Galapagos - abr/14

Boletim de Puerto Ayora, Galápagos.

Tudo vai bem, obrigado. Muita atividade, revendo alguns lugares e conhecendo alguns novos, além da indefectível manutenção.
Antes de sairmos do Panamá curtimos nossa penúltima parada em Perlas com a animada turma do J. Carlos, Fernando, Alex e suas respectivas chefes Silvana, Cris e Vanessa. Tivemos a suprema sorte de nos deparar com um bando de orcas pigmeias (um tipo de golfinho) e conseguimos boas fotos. O Fernando resistiu à tentação e não tentou pesca-las, acho que o único momento em que tirou a linha da agua. Todos se comportaram muito bem. Muita descontração, praias, passeios, jogatinas e papo furado. As meninas se esbaldaram ao sol e os meninos pescaram. Menção honrosa as caipirinhas do JC, o momento mais esperado do dia.
Retornamos a Panama City e engatamos um ritmo alucinado para preparar o barco para a travessia até Galápagos e receber uma turma de cuecas: Demian, Fernando, Freddy, Luiz e Sergio.
A Paula se saiu muito bem, como sempre, com sua parte - as provisões foram realizadas com precisão e êxito absoluto e o barco ficou um brinco. Já este pobre escriba continuou apanhando do sistema hidráulico do leme e também teve um dia daqueles ao preparar a documentação para saída do país. Dois tripulantes tiveram seus passaportes carimbados com as datas de entrada erradas e com isso vivi um momento despachante, com inúmeras idas e vindas entremeadas por longas esperas nas diversas repartições públicas espalhadas pela cidade. Um procedimento que demoraria 40 minutos tomou meio dia (claro que até chuva peguei montado na incrível e possante Fúria Negra). No final, depois de pagarmos mais uma boa grana de taxas, os tripulas puderam exibir orgulhosos seus passaportes carimbados “marineros”.
Ao voltar ao barco e conversar com a tripulação sobre segurança, equipamentos etc fui fustigado com perguntas e ansiedades de todo o tipo pelos mais preocupados. Algumas muito pertinentes, como se os tripulantes em turno a noite teriam acesso a guloseimas e petiscos. Que dia...   
Estávamos muito, muito cansados e resolvemos sair no dia seguinte e passar um dia na ilha Chapera, em Perlas para um último mergulho, relaxar e mais uma noite boa de sono.
Saímos pela manhã com previsão de ventos fortes, acima dos 25 nós. A previsão se confirmou e nos dois primeiros dias velejamos em popa rasa (vento favorável) com boa velocidade usando só um pedacinho da buja (vela de proa). Depois um dia de calmaria, dois de vento e mar contra. Sempre de olho na previsão de tempo, atingimos uma região de ventos favoráveis e foi uma beleza. No final tivemos que rizar as velas (diminuir a área velica) e dar uma seguradinha para não chegarmos no meio da noite. 7 dias de navegada excelente, tempo bom e temperatura ideal. Os lemes seguiram desalinhando e fizemos a maior parte da navegada com apenas um deles conectado ao piloto automático. Vou me especializar em purgas, não aguento mais.

No caminho alguns eventos dignos de nota:
1. Fisgamos um wahoo de 20kg, lindo. Preparado como sashimi, ceviche, assado, moqueca ficou sempre delicioso e nos alimentou por várias refeições.
2. Cruzar a linha do Equador. Manda a tradição que os tripulantes novatos devem ser aceitos por Netuno no outro hemisfério e para tanto, tem que oferecer uma prenda. Desta feita foi ofertado um excelente show semi-erotico. As meninas ficaram lindas em suas roupas intimas, perucas e com uma coreografia intensa, ritmada. Olha, nem desfile da Victoria`s Secret bate esta performance. Aprovados com louvor, os cruzantes de primeira viagem passaram por uma linha simbólica estendida no convés e foram recebidos carinhosamente pelo magnânimo Netuno.
3. O Sergio, como era de se esperar, dormiu a maior parte do tempo. E esquivou-se o quanto pode de lavar a louça.
4. O apetite do Freddy. O jovem mancebo de 70 anos fazia 12 refeições por dia. Acordava umas 6 da manhã, mandava ver numa tigela de cereais, voltava pra cama. Assim que o café era servido (uma ou duas horas depois) mandava ver noutra cumbuca de cereais e no que mais estivesse a mesa, principalmente geleia. La pelas 10:30 preparava seu primeiro almoço. A uma da tarde almoçava com a tripulação. 15 hrs, horário de um lanchinho e/ou cereais. 7 da noite, jantar com a tripula. 10:30 da noite, cereais. E sempre acordava no meio da noite para uma boquinha. E olha que a criança se alimentava bem em cada uma das refeições, comia mais que todos os marmanjos. Mas também, coitado, como o filho Sergio, ele dormia bastante e precisava repor as energias. Dizem que as frutas nunca caem longe do pé...

Chegamos a San Cristobal de manhazinha e assim que ancoramos os lobos marinhos já vieram dar uma olhada. O Fernando caiu na agua e iniciou um relacionamento que iria durar toda nossa estada: sua/seu amiguinho subia todas as noite no barco para visita-lo. Colocamos defensas, galões e tudo mais nos degraus na popa mas não tinha jeito. O bichinho sempre dava um jeito de embarcar e as vezes trazia amigos.
Encontramos Enrico e Giulia do Plum. Muita alegria. Entregamos o motor de popa que trouxemos para eles do Panamá e ganhamos uma ancora de alumínio, que íamos comprar. Amigos!
Novos amigos: Kauli e Fernanda, que estavam a bordo do Itusca/Mormaii. Em Loberia curtimos o Kauli numa sessão de windsurf nas ondas e depois detonando de SUP. É o cara. E a Fernanda documentando tudo para mais uma série daquelas que deixam o pessoal sonhando na frente da TV. Deu saudades do Diogo, Flavio, Morongo, Carlao e James, dos dias juntos aqui alguns anos atrás.
Um ponto alto foi um passeio de lancha até Leon Dormido, duas rochas imensas cercadas por um mar azul e muito povoado por tartarugas, arraias, tubarões, lobos marinho, tudo! Que mergulho, inesquecível. Na volta, mergulhamos na Isla Lobos, em menos de 2 metros de profundidade, com uma dezena de brincalhões filhotes de lobo marinho que se esmeravam nas acrobacias, mordiscavam as nadadeiras, focinhavam nossas mãos e câmeras. Cachorrinhos aquáticos.
A turma se foi e com o Luiz viemos para Sta Cruz. Aqui já revisitamos algumas crateras, tartarugas gigantes e “Las Gretas” uma piscina natural em uma fenda nas rochas, impressionante a cor da agua. Nos intervalos, manutenção. Trocamos um dos carrinhos do trilho da vela grande, reinstalamos softwares de previsão de tempo, muita faxina, provisionamento, e obvio, tentativas de purga do sistema hidráulico.
Em breve chegam Fabio, Luiz e Murilo para a próxima perna até Marquesas. Antes de sairmos das Galápagos queremos visitar Isabela, que dizem ser também maravilhosa.

Vamos nos falando. Beijos, juízo.





































































Foto: Demian

foto: Demian

foto: Demian

foto: Demian


foto: Sergio Israel


foto: Sergio Israel

foto: Sergio Israel


foto: Sergio Israel


foto: Sergio Israel

foto: Sergio Israel

foto: Sergio Israel